Bob Marley disse que: “Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer”. Às vezes, posso até ter a impressão que alguém um dia leu isso pensando em mim. E posso dizer mais, que também já pensei nessa frase me relacionando a ele. Mas isso não foi nem um pouco heróico para nós dois. Desistir sem tentar, não nos faz melhor. Só sabemos o quanto é importante lutar, quando vemos essa chance sumir de nossas mãos, se não há glória em lutar e perder, menos ainda, em não tentar!
Bob Marley que me perdoe, mas não consigo acreditar que a pessoa que ama desista do ser amado pelo o simples fato de não aguentar sofrer. Que amor é esse? Amor que não suporta o sofrimento, nem o tempo de espera, que desiste sem nem ao menos tentar? Desistir é o caminho mais fácil, difícil mesmo é ir à luta, é engolir o orgulho, o medo de correr atrás e se decepcionar, de ouvir a pessoa amada dizer “não te quero”, “não te amo!”. Difícil mesmo é ter coragem de quebrar as barreiras do preconceito, das diferenças que existem entre as pessoas que se amam, tampar os ouvidos para as coisas desagradáveis, conviver com o desejo de querer algo que parece impossível. Como se amar fosse fácil! Amar não é fácil e lutar por ele mais complicado ainda, então nunca diga a alguém que o amou, se não foi capaz de abrir mão de seu estado de conforto para estar ao lado de quem realmente gosta, se não foi capaz de demonstrar seu afeto, de confidenciar o quanto o esperou, de dizer como esse sentimento te faz bem e não existe nada melhor do que querer alguém assim.
Querer passar horas e horas conversando ao celular, trocar mensagens, rir à toa, falar sobre qualquer coisa, voltar a ser criança, parecer dois bobos, se sentir humano, brigar para fazer as pazes depois, (ah! Como é bom fazer as pazes!)cobrar carinho, dar sem receber, querer mimar, acordar no meio da noite com a mão em cima do coração e ele logo vir no primeiro pensamento, olhar para as coisas mais banais e lembrar do seu cheiro, do gosto, do abraço apertado, é querer estar sempre perto na alegria e na tristeza, é compartilhar tudo, se mostrar fraco, medroso, é pensar no fim do mundo e querer que no último minuto ele esteja ao seu lado, compreender seu silêncio, querer se afastar para saber se sentirá sua falta, ficar insegura, desejar ter certeza de se sentir amada, aceitar e amar até mesmo os defeitos. E sobretudo, olhar nos olhos e perceber que nenhuma pessoa o faria mais feliz.
Por maior dor que o amor nos provoque, sempre virá momentos de recompensa, quando a pessoa amada sorri, te abraça e você percebe no olhar que esse sentimento pode ser correspondido. “Muitas vezes perdemos o que poderíamos ganhar pelo simples medo de arriscar”. E o amor que é amor tudo suporta, espera, é paciente, não há início e nem fim, não se limita. Como mesmo já falou Miguel Falabella, o amor é como um rio: “Não se represa um rio, não se engana a natureza. Faça a represa que quiser, pois o rio cedo ou tarde vai arranjar um jeito de rasgar a terra. Abrir um caminho e voltar a correr em seu leito de origem”. O amor vai sempre ser amor em qualquer lugar! E quem ama? Ah! Quem ama não DESISTE!
(Solange Canuto)